Quatro
empresas americanas ganharam contratos para planejar, em conjunto
com a NASA, os destinos do Programa Constelação.
Os contratos terão duração de noventa dias,
no final dos quais, elas deverão apresentar soluções
práticas, de curto e longo termo, aplicáveis ao
desenvolvimento da infra-estrutura de apoio e lançamento
dos novos foguetes a serem construídos no mesmo programa.
Lockheed Martin, ATK Launch Systems, Boeing Space e United Space
Alliance foram as empresas selecionadas. Cada uma delas receberá
US$150 mil do governo americano para esse trabalho inicial.
O Programa Constelação, baseado aqui no Johnson
Space Center (JSC), em Houston, desenvolverá foguetes lançadores,
veículos de transporte, cápsulas, plataformas de
lançamento e outros sistemas, que tomarão parte
no desafio de retornar à Lua, ir a Marte e continuar além,
na exploração e conquista espacial. Espera-se que
os primeiros veículos comecem a operar em 5 anos. Para
tanto, todos os dez centros da NASA estarão tomando parte
no programa, segundo suas especialidades. Por exemplo, a gerência
do programa é feita por JSC, onde também serão
desenvolvidos os sistemas tripulados; NASA Ames, na Califórnia,
lidera a parte de projeto e construção da proteção
térmica das espaçonaves; e assim por diante.
É um esforço grande e coordenado. Não poderia
nunca deixar de envolver o setor privado. Dessa forma, seguindo
o modelo de sucesso que tem sido adotado pelas agências
de ponta no setor espacial, as quatro empresas citadas foram contratadas
para contribuir, desde a concepção do projeto, com
sua experiência e recursos. Essa estratégia de integrar
completamente o setor privado nos projetos do governo, em todas
as suas fases, apresenta várias vantagens. Entre elas,
destaca-se o planejamento realístico em termos de cronograma,
recursos, custos e possibilidades do parque industrial. Falhas
dessas estimativas mostraram-se extremamente prejudiciais a vários
programas conhecidos no passado, incluindo a Estação
Espacial Internacional (ISS).
Hoje no Brasil, o nosso programa espacial apresenta tendências
de seguir por esta mesma direção. A aproximação
do setor privado, com a participação pioneira da
FIESP e SENAI-SP na fabricação das partes nacionais
da ISS, abre essas novas perspectivas. A solidificação
da posição e importância da indústria
no planejamento estratégico e técnico dos projetos
nacionais na área espacial aproxima-se agora mais do trabalho
do dia-a-dia, afastando-se do conceito de simples representação
por votos em comitês administrativos.
É uma nova fase, em que vemos a clara possibilidade de
vantagens para os dois lados. Do lado do setor público,
teremos atividades planejadas e executadas com maior realismo
e eficiência técnica. Do lado do setor privado, representa
maior segurança nos contratos da área e a oportunidade
do uso de compartilhar recursos científicos para o desenvolvimento
de tecnologias e produtos. Certamente um processo sinergético
bastante interessante para o País e que possivelmente contribuirá,
muito, para o sucesso de projetos essenciais como o Veículo
Lançador de Satélites (VLS), as plataformas de lançamento
e o desenvolvimento de sistemas e cargas úteis nacionais.
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